O gesto é simpático. A repercussão, nenhuma
Por João Zisman - 13/11/2025 16:33:46 | Foto: João Zisman - Editoria de Artes/IA
Na política, como na vida, convite sem presença não é compromisso. É protocolo. E o recente anúncio de que o ex senador Reguffe apoia uma possível candidatura de Paula Belmonte ao Governo do Distrito Federal é exatamente isso: um gesto educado, simpático, mas absolutamente incapaz de produzir consequência política. É o famoso “vamos marcar aquele almoço”, que nunca tem dia, horário ou endereço. O convite existe. O encontro, não.
Toda e qualquer manifestação de apoio a uma candidatura ao Buriti agora é prematura. O cenário eleitoral ainda não começou de fato. O eleitor sequer sabe quem estará no jogo. Não há alianças formadas, não há movimento coordenado, não há repercussão real. A essa altura, anúncio é só opinião. Fato político é outra coisa.
No caso de Paula Belmonte, o desafio é ainda maior. Ela pertence ao Cidadania, um partido pequeno, permanentemente conflagrado pelo seu próprio comando nacional. Essa instabilidade respinga no DF. É impossível construir candidatura majoritária se o partido não consegue construir consenso nem sobre a própria liderança. Vontade ela tem. Viabilidade é outra conversa.
E a história recente fala por si. Na eleição passada, Paula brigou tanto para ser candidata ao Buriti que inviabilizou sua permanência na Câmara dos Deputados. Comprou disputa interna com Izalci Lucas, apostou todas as fichas em um projeto sem lastro, e acabou fora do Congresso. No fim, precisou se reinventar e disputar vaga na Câmara Legislativa do DF, onde exerce mandato atualmente.
Reguffe, por sua vez, está no Solidariedade. Nome afetuoso, realidade dura. O partido é uma colcha de retalhos: muita gente mandando, pouca gente obedecendo. Falta estrutura, falta tempo de TV, falta capilaridade, falta musculatura para sustentar qualquer projeto majoritário no DF. Se o apoio pretendia soar como alavanca, até agora é apenas cortesia.
Na política, simpatia não move voto. Entrega move. E hoje, no Distrito Federal, só há uma candidatura majoritária com alguma concretude: Celina Leão. Vice-governadora em exercício, com exposição diária, com estrutura e com a caneta na mão. Em ano eleitoral, caneta não é figura de linguagem. Caneta libera orçamento, agenda presença, direciona atenção institucional.
Enquanto uns anunciam apoios, Celina governa. O fato de Reguffe declarar apoio é notícia. Reguffe transferir votos seria fato político. Subir no palanque, dividir agenda, articular bases, isso sim mudaria algo. Até agora, o que existe é uma mesa bonita, duas taças de vinho… e ninguém sentado.
O gesto é simpático. A repercussão, nenhuma. A mesa está posta. Mas o almoço, como o apoio, não acontece.
Comentários para "Por João Zisman: Mesa posta, taças servidas, mas cadeiras vazias":