Será um "Novo Tempo" na Câmara Legislativa?

O relato do dia que pode significar um novo tempo no legislativo local. Nós temos esperança que sim.

Será um
Será um

Redação - Edson Sombra -Youtube - 31/10/2013 20:39:34 | Foto:

Um dia após a cassação do deputado distrital Raad Massouh (PPL) ter sido aprovada por 18 dos 23 parlamentares que votaram na sessão do fim de quarta-feira (30), o clima no gabinete do distrital era de silêncio. Na garagem oficial, nem sinal do veículo do distrital. Não chegava perto do entra e sai de militantes e apoiadores de Raad que estiveram na Câmara Legislativa nos últimos dias. Parte deles, aliás boa parte, lotou a galeria do plenário para apoiar o político em uma de suas últimas aparições públicas ainda como parlamentar. ...


Antes do início da sessão que analisou o processo de perda de mandato, Raad aparentava bastante segurança. Funcionários próximos comentavam pelos bastidores que tudo estava bem costurado e que a condenação estaria fora de questão. A autoconfiança perdeu-se durante as mais de três horas de sessão tensa. O nervosismo do parlamentar era disfarçado pelo rosto, mas escancarado pelas pernas e trejeitos de ansiedade.


Sentada na ala de convidados do plenário, a esposa do distrital, Ádila, acompanhava cada movimento do plenário. Fazia cara feia para os deputados que falavam algo que poderia comprometer ainda mais o julgamento de Raad e discordava com a cabeça quando ouvia discursos mais efusivos sobre o processo que ainda corre na Justiça contra o marido.


A votação começou de forma tensa. Isso porque o discurso garantido a Raad foi considerado vazio. Começou pedindo perdão aos familiares e explicou questões ácidas do processo, como o suposto desvio de R$ 100 mil de emendas do próprio parlamentar para um evento na área rural de Sobradinho, seu principal reduto eleitoral. Questões continuaram sem explicação, como o destino do dinheiro que seria para pagar bandas e atrações que sequer apareceram no evento. “Nunca precisei roubar para ter o que tenho”, repetia o parlamentar em plenário.


No fim de seu discurso, ao apelar para que os colegas recorressem à consciência, Raad confundiu-se nas palavras e chegou a dizer que “sempre lutou pela ilegalidade na Casa”. Após os apelos de Raad, três deputados pediram o microfone: Patrício (PT), corregedor do caso; Michel (PP), presidente do Conselho de Ética e ainda o deputado Chico Vigilante, líder do Bloco PT-PRB. O tom dos discursos foi pela cassação. Vigilante, inclusive, orientou sua bancada para que seguisse o voto do relator do processo, deputado Joe Valle (PDT). Foi o ponto determinante que mudou completamente a impressão de aliados de Raad sobre o resultado da votação.


A própria esposa do deputado, Ádila, trocou mensagens com o filho do casal e, por SMS, reconheceu que tudo estaria “confuso”. Os textos foram flagrados por repórteres fotográficos que cobriam a sessão. A tensão chegou a fazer com que a esposa de Raad mergulhasse sua atenção em um dos jogos de celular mais famosos nas redes sociais: Candy Crush. O flagra também foi feito pelas lentes dos fotógrafos.


Enquanto isso, Raad acompanhava o vai e vem de distritais para a cabine de votação. Entre um nome e outro que nutria mais simpatia, o distrital mandava uma piscada, fazia sinais de positivo com o polegar e tentou, até o último momento, demonstrar confiança.


Na primeira contagem de votos, foi encontrado um envelope excedente, ou seja 24 quando deveriam ser 23 envelopes onde seria depositada a cédula de cada parlamentar. Para evitar que o resultado fosse questionado juridicamente, o presidente da Casa, Wasny de Roure (PT), decidiu recomeçar a votação.


Na mesma arapuca da mídia que caiu a esposa de Raad, o diretor do DFTrans e presidente do PPL – partido do distrital –, Marco Antônio Campanella, andava pelo plenário com uma lista de como cada deputado votaria no processo. Em alguns nomes, como os que integram a bancada do PT, Campanella associou o voto ao nome do governador Agnelo Queiroz. Por ter sido divulgada pela jornalista Lilian Tahan, a lista levantou a ira dos parlamentares citados. Arlete Sampaio e Chico Vigilante esbravejaram no microfone: “Voto com minha consciência e não admito que ninguém vincule o meu voto a ninguém”, indignou-se a petista. Os parlamentares chegaram a pedir uma investigação sobre a origem da lista e questionaram a presença de Campanella no plenário.


Com todo esse clima, Raad, não aguentou. Deixou o plenário e encontrou-se com a esposa, que o aguardava no saguão externo do plenário. O casal deixou a Casa sem tomar conhecimento do resultado da votação, que torna o político inelegível dentro dos critérios da nova lei da Ficha Limpa. Marco Antônio Campanella também deixou a Casa sem ser notado.


Após a cassação ter sido referendada pelo plenário, Raad aguarda agora a publicação do resultado no Diário da Câmara Legislativa. Com isso, o primeiro suplente da coligação que elegeu o distrital cassado, Paulo Roriz, assume a cadeira deixada pelo parlamentar.


Só nos resta descobrir agora os nomes dos cinco parlamentares que se esconderam no voto secreto para cantarmos em 2014 "Xô Satanás!" para eles. Vocês sabem quem são?

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